Kober's delusions

Uma válvula de escape para o dia-a-dia. Idéias, legendas e eficácia gramatical. Bom, bem coisa de louco mesmo.

terça-feira, dezembro 30, 2008

Apodrecimento Onírico

e eis que somos uma mistura dos nossos sentimentos, todos redundantes e retorcidos, que insistem em povoar nossas imaginações e nossos sonhos. chegamos a um determinado ponto em que muito pouco podemos fazer para controlar o que queremos controlar, ou sequer ter domínio sobre o que acontece conosco a partir do momento em que encostamos nossas cabeças no travesseiro e adormecemos.

recursivamente, tenho-me encontrado diante de sonhos com as mesmas pessoas, dia após dia. vejo-me nas mais comicamente irônicas situações, que não posso controlar. mas não fomos feitos para não controlar, pelo contrário: a nossa necessidade de controle é tão grande que nos sentimos mais do que frustrados quando os fatos nos escapam pelos dedos sem nosso aval. o sonho é, para mim, o todo hermético mais impotente do ser.

um prato cheio para freddy krueger. lá, nos sonhos, somos criaturas que levam consigo os amores e os ódios que passam em nossas imaginações durante o dia, mas nos despimos do senso de limite que temos enquanto seres diurnos. os segredos são verdades universais, os desafetos dormem em nossas camas e os triângulos ainda têm três pontas. se fossem eles representações vivas e animadas daquilo que nosso espírito de fato quer que se concretize, os meus, ao menos, seriam diferentes, salvo, obviamente, algum caso de autoenganação, mas é melhor deixar tal pensamento para depois...

se existe uma linha que claramente separa o universo onírico do real, ela é um tipo de semideus. quando queremos cicatrizar, os sonhos vêm empolgados nos lembrar de que ainda há histórias mal resolvidas, que talvez sequer mereçam resolução eloqüente [pausa dramática para o último uso de trema licenciado..........................................]. esse ser monstruoso chamado sonho nos traz para a terra quando estamos conseguindo tirar os pés do chão e sublimar situações que não deveriam ter sido vividas, ou enfim. mas há a linha tênue superclichê, aquela que nos faz acordar, a mãe chamar ou o relógio despertar. e, então, somos sugados para a realidade que, por várias vezes, é muito melhor do que o sonho perfeito.

o mundo dos sonhos é idiota, é hipócrita, é fútil: apega-se a elementos que são velhas causas de dor e nos transmuta para o universo em vias de superação. há pílulas para dormir; não há, infelizmente, pílulas que nos tiram o sonho. hoje, passando por um processo de estabelecimento de novos rumos, eu não quero mais sonhar, porque eles me revivem rostos que putrefam na minha história.